quinta-feira, 30 de junho de 2011

A casa tomada

O que poderia existir de comum entre o conto de Julio Cortazar, La casa tomada, e a música Paranóia, de Raul Seixas? Não se trata, aqui, de buscar uma intertextualidade inexistente. Não há quaisquer indícios de que Raul tenha lido Cortazar. Todavia, na obra de ambos, existem dois elementos comuns.

O primeiro, em Cortazar, é a casa que opera como metáfora do inconsciente. À medida em que ruídos inexplicáveis a habitam, ela se fecha. Em Paranóia a casa é o próprio corpo do cantor que se fecha à lembrança de recalques, frustrações e medo. Em ambos, o mistério do inconsciente que trava, bloqueia, produz medo e não se explica.

O segundo elemento comum: Julio Cortazar e Raul Seixas são contadores de história. E aí reside o perigo. Em suas vozes, a palavra torna-se mágica. Coloca o ouvinte/leitor diante de um espelho, ora opaco, ora com imagens deformadas. E o ouvinte, que se deixa enredar por esta magia verbal, pode descobrir sua própria força e liberar sua imaginação. E a casa, tanto em Cortazar quanto em Raul, deixa de ser metáfora para transformar-se em realidade viva.


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