quinta-feira, 30 de junho de 2011

A casa tomada

O que poderia existir de comum entre o conto de Julio Cortazar, La casa tomada, e a música Paranóia, de Raul Seixas? Não se trata, aqui, de buscar uma intertextualidade inexistente. Não há quaisquer indícios de que Raul tenha lido Cortazar. Todavia, na obra de ambos, existem dois elementos comuns.

O primeiro, em Cortazar, é a casa que opera como metáfora do inconsciente. À medida em que ruídos inexplicáveis a habitam, ela se fecha. Em Paranóia a casa é o próprio corpo do cantor que se fecha à lembrança de recalques, frustrações e medo. Em ambos, o mistério do inconsciente que trava, bloqueia, produz medo e não se explica.

O segundo elemento comum: Julio Cortazar e Raul Seixas são contadores de história. E aí reside o perigo. Em suas vozes, a palavra torna-se mágica. Coloca o ouvinte/leitor diante de um espelho, ora opaco, ora com imagens deformadas. E o ouvinte, que se deixa enredar por esta magia verbal, pode descobrir sua própria força e liberar sua imaginação. E a casa, tanto em Cortazar quanto em Raul, deixa de ser metáfora para transformar-se em realidade viva.


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quinta-feira, 16 de junho de 2011

So glad you're mine



Para Raul Seixas, o que é a tal “poesia dos 50”?
Como um historiador perspicaz, ele não se limitou à tríade Elvis Presley, Genne Vincent e Chuck Berry: foi buscar as pistas dos que “fizeram a cabeça” deles quando crianças.

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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Na Estação, Raul é



A música intitulada ‘sou o que sou’ não aparece na discografia de Raul Seixas,
composta em parceria com Tania Menna Barreto, em 1978, a música figura
num dos discos póstumos do cantor.

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sexta-feira, 3 de junho de 2011

A lua cheia na Estação Raul

[as flores do mal baudelairianas]
"Porias o universo inteiro em teu bordel,
Mulher impura! O tédio é que te torna cruel.
Para teus dentes neste jogo exercitar,
A cada dia um coração tens que sangrar.
Teus olhos, cuja luz recorda a dos lampejos
E dos rútilos teixos que ardem nos festejos,
Exibem arrogantes uma vã nobreza,
Sem conhecer jamais a lei de sua beleza!
Ó monstro cego e surdo, em cruezas fecundo!
Salutar instrumento, vampiro do mundo,
Como não te envergonhas ou não vês sequer
Murchar no espelho teu fascínio de mulher?
A grandeza do mal de que crês saber tanto
Não te obriga jamais a vacilar de espanto
Quando a mãe natureza, em desígnios velados,
Recorre a ti, mulher, ó deusa dos pecados
- A ti, vil animal -, para um gênio forjar?

Ó lodosa grandeza! Ó desonra exemplar!"











[as flores do mal raulzeanas]
"Mulher, tal qual Lua cheia
Me ama e me odeia
Meu ninho de amor
Luar é meu nome aos avessos
não tem fim nem começo
Ó megera do amor!
Você é a vil caipora
Depois que me devora
Ó giboia do amor!
Negar que me cospe aos bagaços
Q
ue me enlaça em seus braços
tal qual uma lula do mar ...Ó Lua Cheia, veve piscando
os seus óios para mim
Ó Lua Cheia, cê me ajudeia
desde o dia qu'eu nasci
O Sol me abandona no escuro
do teu reino noturno
ó feiticeira do amor
Ouvir o teu canto de sereia
é cair na tua teia
ó fada bruxa do amor
Uhm, negar que me cospe aos bagaços
Que me enlaça em seus braços
Tal qual uma lula do mar
Ó Lua Cheia, veve piscando
os seus óios para mim
Ó Lua Cheia, cê me ajudeia
desde o dia qu'eu nasci"

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